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HEPATITES VIRAIS
Dr. Valtécio Alencar de Souza
Serviço médico da PUC-SP

As hepatites virais são caracterizadas por uma inflamação do fígado, causada por diversos tipos de vírus.

Esse processo inflamatório pode ser agudo ou crônico.

Existem atualmente cerca de 05 (cinco) tipos de vírus que causam as Hepatites: A, B. C, Delta e E, com evoluções diferentes.

HEPATITE A
Produzida pelo vírus Hepatite A.

A transmissão é fecal-oral, através de água e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra.

É muito comum em países pobres ou em desenvolvimento, sem estrutura de saneamento básico adequado.

Após a pessoa ser infectada o vírus é eliminado nas fezes.

Sintomas: febre, mal estar, náuseas, vômitos, urina escura e olhos amarelados; (icterícia).

Diagnóstico: dosagem de enzimas do fígado (AST, ALT) e sorologia para Hepatite A, através da dosagem de anticorpos específicos produzidos pelo organismo.

Prevenção - Medidas gerais:
• Não ingerir água ou alimentos contaminados;
• Lavar as mãos com água e sabão antes das refeições;
• Observar se os alimentos apresentam sabor estranho ou aspecto suspeito.

Vacina - Indicação da vacina:
• Crianças com mais de dois anos, adolescentes e adultos;
• Pessoas que trabalham com crianças (p.ex. trabalhadores de creche);
• Pessoas que viajarão para áreas de risco de Hepatite A.

Tratamento: não existe tratamento específico para Hepatite A. Recomenda-se, na fase aguda: repouso e evitar a ingestão de bebidas alcoólicas.

HEPATITE B
É uma inflamação do fígado pelo vírus de Hepatite B.

Transmissão: pode ser adquirida através de transfusão de sangue e seus derivados, uso compartilhado de seringas e agulhas entre usuários de drogas, relações sexuais e contato com secreções de pacientes contaminados; existe ainda a transmissão vertical da mãe para o bebê durante a gravidez ou durante o parto.

Manifestações: algumas pessoas não apresentam qualquer sintoma ou não os atribuem à doença. As manifestação mais comuns, são: cansaço físico acentuado, dores no corpo, falta de apetite, febre baixa, icterícia (olhos amarelos), urina escura.

Diagnóstico: através dos sintomas do paciente e a realização de exames de sangue – dosagem das enzimas hepáticas (AST, ALT) e a sorologia para Hepatite B através da dosagem de anticorpos específicos.

Evolução: em indivíduos adultos, cerca de 5 a 10% dos casos evoluem para doença crônica.

O critério para considerar a doença como crônica é a sua persistência por seis meses ou mais. A Hepatite B crônica poderá evoluir para cirrose hepática e câncer do fígado.

A biópsia hepática, quando indicada, é um recurso eficaz nos casos de Hepatite B crônica.

Prevenção - medidas gerais:
• Uso de máscaras, luvas e óculos de proteção ao realizar determinados procedimentos;
• Uso de preservativo (camisinha) durante relação sexual;
• Atenção especial com materiais perfuro-cortantes (p.ex. agulhas); deverá o profissional – médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, ter a máxima atenção;
• Agulhas não devem ser reencapadas, entortadas nem retiradas da seringa com as mãos.

Profissionais de saúde sujeitos a contaminação através do contato com sangue ou secreções de pacientes contaminados: médico, dentista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, bombeiro, socorrista e outros.

Vacina: a vacina contra Hepatite B é extremamente eficaz e segura e seus efeitos colaterais são raros. A dose recomendada é de 03 (três) doses aplicadas no músculo com intervalos determinados e já faz parte do calendário de vacinas do Ministério da Saúde.

Está indicada para crianças até 02 (dois) anos de idade; adolescentes; adultos e profissionais da saúde.

Tratamento: Fase aguda: medidas gerais, como na Hepatite A.
Fase crônica: o tratamento é feito com injeções de Interferon; pode ser usada a Lamivudina em forma de comprimidos.
Efeitos colaterais da medicação: febre, náuseas, vômitos, depressão, queda de cabelo.

HEPATITE C
É a inflamação do fígado causada pelo vírus da Hepatite C.

Transmissão: transfusão de sangue e seus derivados, uso compartilhado de agulhas e seringas entre usuários de drogas, durante acidentes ocupacionais (ferimento perfuro-cortante), ao se realizar tatuagens e piercings com material contaminado; a transmissão vertical da mãe para o bebê durante a gravidez ou durante o parto, ocorre em 05% (cinco) dos casos. A transmissão sexual é pouco frequente. Em cerca de 30% dos casos, não se consegue saber o tipo de transmissão.

No Brasil há cerca de 2 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da Hepatite C e a maioria não sabe disso.

Manifestações: a Hepatite C é na grande maioria dos casos, assintomática; a pessoa não sente nada ou quando sente, dificilmente atribui à doença.

Pode ocorrer: cansaço, indisposição, náuseas, vômitos, icterícia (olhos amarelos), urina escura e falta de apetite.

Diagnóstico: através dos sintomas do paciente e a realização de exames de sangue e dosagem de enzimas hepáticas (AST, ALT) e a sorologia para Hepatite C através da dosagem de anticorpos específicos.

Evolução: em indivíduos adultos normais, cerca de 70 a 80% dos casos evoluem para doença crônica, que poderá causar cirrose hepática e câncer do fígado.

A Hepatite C é a principal doença em espera de transplante hepático no Brasil.

O critério para cronicidade da doença é a sua persistência por seis meses ou mais.

Nesses casos, a biópsia do fígado é de fundamental importância.

Prevenção:
• Não use drogas injetáveis;
• Não compartilhe seringas e agulhas;
• Durante coleta de sangue, certifique-se que o material utilizado é descartável;
• Profissionais de saúde e bombeiros devem usar máscaras, luvas e óculos de proteção durante procedimentos em que possa haver contato com sangue ou secreções corporais;
• Evite acidente com material contaminado (perfuro-cortante);
• Faça sexo com preservativo.

Tratamento:
Fase aguda e crônica: injeções de Interferon associado com Ribavirina em forma de comprimidos.

Observação: não existe vacina contra Hepatite C.

Na ocorrência de ferimento perfuro-cortante sofrido pelo trabalhador durante a sua jornada de trabalho, está caracterizado Acidente do Trabalho, devendo a empresa ou instituição registrar a ocorrência e emitir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). O acidentado deverá procurar atendimento médico de imediato.

Bibliografia:

1ª - Revista Brasileira de Medicina, Vol. 56, Edição Especial, Dezembro de 1999;
2ª - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Hepatite Viral Crônica C – Ministério da Saúde, 2002;
3ª - Guia de Orientações Técnicas – Hepatites B e C – Centro de Vigilância Hepidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde;
4ª - Manual de Condutas – Exposição Ocupacional a material biológico: Hepatite e HIV.
5ª - Aula sobre Hepatites Virais proferida pela Dra. Maria Lucia G. Ferraz durante curso de Patologia Clínica realizado pelo Laboratório Fleury, 2001;
6ª - Site na Internet:
Hepatite B - http://drauziovarella.ig.com.br/arquivo/arquivo.asp?doe_id=83 e;
Hepatite C - http://drauziovarella.ig.com.br/arquivo/arquivo.asp?doe_id=84

 
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