Fonoaudiologia: uma história para comemorar, falar, ouvir, cantar!

"Somos da área da saúde, mas com um olhar que nos diferencia, uma vez que temos preocupação em ver o distúrbio da comunicação para além de uma vertente puramente orgânica.”(...) “A nossa voz transmite quem somos, como estamos e o que de fato queremos." (Leslie Piccolotto Ferreira, profa. do departamento de Fundamentos da Fonoaudiologia, em entrevista ao site do Centro de Ex-Alunos, da Universidade)

A Fonoaudiologia da PUC-SP completa 50 anos neste ano de 2012 e tem muito que comemorar em tantas falas, em tantos ouvidos, cantos, discursos! Porque sua atuação amplia conhecimentos, ações e pesquisas na forma, expressões e sensibilidades do falar, do ouvir, do cantar e do próprio sentir.
Criado em 1962, o curso da PUC-SP é um dos mais antigos e tradicionais do País (Fonte: Banco de dados do Centro de Ex-Alunos).

Na linha do tempo entre 1962 e 2012, formaram-se 7884 profissionais na área, um número bastante expressivo no cenário da fonoaudiologia em nosso País.

O fonoaudiólogo formado pela PUC-SP tem um perfil diferenciado no mercado de trabalho: além de ser um profissional da área de saúde habilitado a tratar de pessoas com problemas de audição, linguagem, motricidade oral facial, oral e escrita e voz, é um profissional que tem em sua formação, o desenvolvimento da criatividade, da ética e da solidariedade no exercício da cidadania, através das relações pessoais e profissionais. Tem uma formação crítica e reflexiva, o que o torna sensível e capaz de atuar junto aos problemas e perspectivas do mundo contemporâneo.

Um exemplo dessa criatividade foi a última comemoração do dia do Fonoaudiólogo, em 7/12, do ano passado, em que o curso de Fonoaudiologia apresentou, além dos  os TCCs, a mesa-redonda Linguagem e o Chef de Cozinha Surdo, com o objetivo de  refletir e propor formas de acessibilidade para o surdo na atividade de chef de cozinha. Saiba mais.

A Fonoaudiologia PUC-SP também tem se destacado em atividades comemorativas do Dia Mundial da  Voz -16 de abril. Em 2010, ganhou prêmio por realizar, através do Laborvox (Pós-Graduação em Fono) a Melhor Campanha de Voz, pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, em 24 de setembro de 2010, dentre as 11 finalistas, durante o Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia em Curitiba. Segundo matéria publicada no site da PUC-SP, a campanha, pelo Dia da Voz, realizou diversas atividades: videoconferências, palestras, oficinas e apresentações nos campi da PUC-SP, além da realização de uma ópera no Mercado Municipal de São Paulo, idealizada pelas professoras Léslie Piccolotto Ferreira, coordenadora do Laborvox e do Pós em Fonoaudiologia, e da professora Maria Cecília de Moura coordenadora de estágio do curso de Fonoaudilogia. O flashmob contou com a participação de intérpretes de Libras, promovendo a acessibilidade às pessoas surdas presentes no evento. De acordo com a notícia da Divisão de Comunicação Institucional da Universidade (DCI), para a profa. Léslie esta realização contribuiu para “a integração maior entre nossos parceiros”. “A ópera no Mercado vai se constituir em marca registrada da PUC-SP”.

Outra marca que faz a diferença do curso, é que a Fonoaudiologia PUC-SP tem se destacado anualmente no Guia do Estudante da Ed. Abril. Este ano foi selecionada entre os 25 cursos estrelados na premiação Melhores Universidades 2012, com quatro estrelas!

A Derdic - Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação, assumiu, em 1972, um compromisso com a formação de profissionais e iniciou o desenvolvimento de atividades práticas supervisionadas voltadas ao curso de fonoaudiologia da PUC-SP.

Vamos conhecer um pouco mais da história desse curso diferenciado, em algumas de suas “vozes” mais expressivas, começando com trechos do artigo  Fonoaudiologia PUC-SP 40 anos de formação profissional, das professoras Altair Cadrobbi Pupo e Maria Cecília Bonini Trenche para a revista Distúrbios da Comunicação, quando o curso completou 40 anos em 2002 (Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 16(2): 247-251, agosto, 2004):

"Na década de 60, o grande passo para o início da profissão de fonoaudiólogo em nível superior foi dado com a vinda ao Brasil do argentino Dr.Julio Bernaldo Quirós e de sua assistente Rosa Vispo, e, posteriormente, com a ida de dois médicos brasileiros para a Argentina, que se especializaram em Foniatria: Dr. Américo Morgante e Dr. Mauro Spinelli. Na volta ao Brasil, eles trabalharam em suas respectivas Universidades de origem – USP e PUC-SP – no curso de graduação em Logopedia, para formar terapeutas que tratassem de indivíduos portadores de problemas de voz, fala, linguagem e audição. Isso aconteceu em 1960, na USP, e em 1961,  na PUC-SP.

O Dr. Enzo Azzi, médico, diretor do Instituto de Psicologia, e a psicóloga, Dra. Ana Maria Poppovic, diretora da clínica de Psicologia da PUC-SP foram os grandes incentivadores da Fonoaudiologia aqui, na PUC-SP. Foi pela iniciativa deles que o curso foi criado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras São Bento, ligada ao Instituto de Psicologia e à Clínica Psicológica.

Sua criação significou uma abertura da Universidade às demandas da comunidade por atenção e tratamento dos chamados Distúrbios da Comunicação. Ao lado de outros cursos (USP, Santa Maria, PUC-Campinas, Escola Paulista de Medicina), esse campo de atuação ganhou seus primeiros contornos acadêmicos no Brasil. A área conhecida até os anos 60 como Logopedia ou Ortofonia, e considerada como parte da Foniatria, passou a ser conhecida como Fonoaudiologia." (...)

"O Curso de Fonoaudiologia da PUC-SP começou modesto, com um ano de duração, em 1962. No início, não havia vestibular. A seleção começou a ser feita em 1964, e se aplicava aos candidatos uma bateria de testes psicológicos. O primeiro vestibular ocorreu em 1965, mas ainda não era unificado. Em 1967, passou a ter três anos e, em 1971, a ter quatro anos de duração após reforma curricular. Duração mantida até os dias de hoje. O vestibular passou a ser unificado. Adquirindo, então, o status de curso superior. No cenário nacional, a necessidade de regulamentação do ensino e do reconhecimento da profissão uniu fonoaudiólogos de diferentes escolas em torno de projetos que somente nas décadas seguintes puderam ser aprovados. A participação de ex-alunos da PUC-SP foi fundamental para as conquistas alcançadas."

(...)"... foi somente no início da década de 80, em 9 de dezembro de 1981, após muitos projetos apresentados, que a profissão foi regulamentada pelo projeto de lei 6965. O papel da Associação Brasileira de Fonoaudiologia foi decisivo nessa luta. Em 1983, foi instalado o Conselho Federal de Fonoaudiologia, presidido diversas vezes por ex-alunos, como a Profa. Telma Costa e a fonoaudióloga Maria Theresa Resende. Em 1986, com base na lei que regulamentou a profissão, foi criado o Conselho Regional de Fonoaudiologia da 2ª região, que já está no seu 6º colegiado,tendo como sua primeira presidente nossa querida colega Clélia Bolaffi. Os outros colegiados foram marcados também pela participação de ex-alunos, que souberam lutar pela expansão, autonomia e valorização da profissão."(...)

Participação de ex-alunos - Depoimentos

"Durante o curso, participei de todas as atividades acadêmicas oferecidas, inclusive como aluno bolsista em dois projetos de pesquisa de iniciação científica. O primeiro tratou de como os fonoaudiólogos compreendem a cultura surda. Este trabalho foi aceito e apresentado no 4th World Congress on Mental Health and Deafiness, realizado na Austrália, em 2009. O segundo projeto baseou-se em um desdobramento do primeiro, que investigou o que os surdos pensam da atuação do fonoaudiólogo e do educador. Atualmente, sou aluno bolsista de mestrado pela CAPES na PUC-SP. No programa de Pós- Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem."

Marcus Vinícius Batista Nascimento - depoimento de ex-aluno, enviado ao Centro de Ex-Alunos em agosto/2012.

"A PUC é especial, tem uma vertente bastante humanista. Uma das áreas mais fortes que a PUC trabalha é a abordagem psicanalítica na clínica terapêutica, principalmente na linguagem com crianças, o que mudou a minha maneira de ver toda a terapia da fala. Adorei ter realizado este intercâmbio, foi muito importante tanto no campo pessoal como no profissional"

Mônica Vale - ex-aluna, intercambista de Portugal. Depoimento enviado ao Centro de Ex-Alunos em agosto/2012.


 “Lembro-me de um dos primeiros dias de aula, ainda no primeiro ano
em 1984, quando entramos no Laboratório de Anatomia, no Prédio Velho, e nos deparamos com um cadáver "novinho", pronto para ser dissecado... me senti muito mal ao ver aquilo, mas logo me acostumei e acabei sendo até monitora do Prof. Ivan Galiza. Lembro-me também dos MRs do saudoso prof Norberto e das Interfonos, das quais fomos campeãs 3 anos seguidos! Tantas e tão boas lembranças: os estágios, as supervisões, os módulos, o Ciclo Básico, Mauro, Ieda (além do Norberto, que já citei) professores que nos deixaram e nos marcaram. Tantos outros professores que ainda estão por aí e também nos marcaram: Léslie, Irene, Clélia, Lucia Arantes, Lúcia Masini, Cecília, Clay, Bia, Verinha, Verão, Suzana, Fernandão, Alfredo, Célia, Isa, Xane, Maria Alice, Zé Geraldo, Glaís, Francisca... Alguns que depois reencontrei ou passei a conhecer no mestrado, também na PUC. Sou mesmo uma filha da PUC, com muito orgulho e saudades!

Heloisa de Oliveira Macedo - depoimento de ex-aluna, enviado ao Centro de Ex-Alunos em outubro/2012.


"Este ano a Fonoaudiologia da PUC-SP está em festa e muito orgulhosa! As pessoas que apresentavam problemas de comunicação no passado eram atendidas por diferentes pessoas, na maioria das vezes com disposição para essa tarefa, mas sem formação. A partir de 1960 foi criado o Curso de Fonoaudiologia, em especial no estado de São Paulo. O da PUC-SP foi o segundo deles, em 1962. O saudoso professor Mauro Spinelli, sempre a frente de sua época, não só esteve presente no grupo que criou esse Curso, como também entre aqueles que dez anos depois (1972) foram responsáveis pela criação do Programa de  Pós-Graduação - Mestrado - na área. Além disso, a PUC-SP é pioneira ainda entre os periódicos da área que conseguiram sobreviver a todos os problemas que surgem na manutenção de uma revista científica. A revista Distúrbios da Comunicação está comemorando 25 anos, indexada na LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), com conceito B2 na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)! Dessa forma podemos dizer que o nosso orgulho vai na direção do pioneirismo e por isso, tradição na área! Destaque deve ser dado  às pesquisas e aos trabalhos desenvolvidos na nossa Universidade, uma vez que somos da área da saúde, mas com um olhar que nos diferencia, uma vez que temos preocupação em ver o distúrbio da comunicação para além de uma vertente puramente orgânica. 

Profa. dra. Leslie Piccolotto Ferreira, do departamento de Fundamentos da Fonoaudiologia em entrevista ao Centro de Ex-Alunos em agosto/2012. “ Saiba mais.

Outros links relacionados:

Regulamentação – Reconhecimento e respeito/Resgatamos os fatos que marcaram a história da Fonoaudiologia (Comunicar - Revista do Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia, Ano XII, Nº51, outubro-dezembro de 2011)

Interface entre Fonoaudiologia e Educação: análise da produção em periódicos científicos - Maria C. B. Trenche, Mariana P. Biserra, Leslie P. Ferreira, Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 23(3): 357-363, dezembro, 2011

Fonoaudiologia, contação de histórias e educação: um novo campo de atuação profissional - Lúcia Elena F. Neto, Klívia Nayá B. da Silva, Isabella F. de Arruda.
Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 18(2): 209-222, agosto, 2006.

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