René Girard, crítico literário francês,
tem uma aproximação em relação ao
mito que parte da analise antropológica e literária.
Defende que o principio do desejo humano é imitativo ou
mimético. O ser humano deseja o desejo dos modelos eleito
por ele. Deseja o que o outro deseja, transformando os modelos
em rivais e a rivalidade em violência. Isto é o
principio de um complexo mecanismo vitimário. A sociedade
necessita redirecionar a violência para sobreviver. O objeto
do redirecionamento da violência é a vitima inocente,
considerada culpada pelas mazelas da sociedade. O mito é a
ideologia do mecanismo vitimário. O assassinato é libertário
para Girard, assim como para Frazer, porém a diferença
está no fato do último acreditar que a recompensa
de tal assassinato é obter alimento e para o primeiro é obter
a Paz.
Segundo Girard, os mitos surgem dos sacrifícios rituais.O
mito disfarça e dissimula o sacrifício da vítima
através de vários caminhos, fazendo o assassinato
da vitima parecer merecido, fazendo uma morte parecer acidental,
transformando em exílio no lugar de assassinato.
Para Girard é necessária a existência de
alguns temas recorrentes para que um mito possa ser definido
enquanto tal.as vítimas sempre apresentam algumas características
diferenciadas, a violência pela crise é imputada à vítima,
esta é banida da comunidade. Se pelo menos algum destes
elementos não estiver presente, não será considerado
mito, e sim fábula, lenda, etc. Este padrão se
encontra em todas as sociedades.
a perseguição existe mas nós não
a reconhecemos, ou porque não estamos em posse dos documentos
necessários ou porque não sabemos decifrar os documentos
que possuímos (GIRARD,1990)
O
mito de Edipo, por exemplo, contém todos os estereótipos
da perseguição. Todo mito tem origem (base, raiz_)em
um ato real de violência contra vítimas reais. Para
ele os três pilares da cultura humana são o interdito
( não fazer o que a vítima fez para destruir-nos,
o rito (fazer o que a vítima fez para salvar-nos), o mito
( recordar sempre) Todas a s instituições humanas
são derivadas deste processo que é expresso no
mecanismo vitimário.
Girard elabora uma explicação global dos conflitos
na sociedade, fundada na análise da relação
do sujeito com o outro e do papel do bode expiatório nesta
relação. Desenvolve uma antropologia da religião,
realiza uma verdadeira revolução epistemológica,
onde expõe um princípio único capaz de explicar
as origens do sistema fenômeno religioso, da cultura.