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“Fatores emocionais na reabilitação: criatividade e imaginação” Ana Vírginia Santiago Araújo
RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo compreender o papel da imaginação criadora, em indivíduos portadores de deficiência física, por doença neurológica degenerativa. Considera-se que a imaginação e a criatividade possibilitam a atribuição de novos significados e sentidos, permitindo uma reconstrução da identidade. Nesta reconstrução os sujeitos tomam consciência de suas reais necessidades e motivos. A identidade é uma categoria síntese, para a qual convergem as demais. A maneira como os indivíduos reconhecem suas características, reflete os modelos que vigoram no seu meio social, com toda a ideologia e as emoções transmitidas pela linguagem. Numa perspectiva dialética, inspirada na Psicologia de Vygotsky, a pesquisa qualitativa foi desenvolvida através do Estudo de Caso. Foram selecionados dois sujeitos, do sexo masculino, ambos com 49 anos, que concluíram programa de reabilitação global, com alta por objetivos alcançados. Foram analisados dados obtidos a partir do histórico de vida e do discurso. O método utilizado incluiu a aplicação do Psicodiagnóstico de Rorschach. Os resultados evidenciaram a forte relação entre as emoções e o pensamento criativo e a base afetivo – volitiva dos processos conscientes. O sujeito com melhor desempenho funcional, mas afetivamente apático, vive um não – metamorfose, por não poder articular personagens novos ou velhos, cristalizando-se num personagem. O sujeito com maior prejuízo motor, porém com atribuição de sentido positivo à incapacidade e suas conseqüências, usa da criatividade para superar os limites concretos e reais. No processo de reabilitação é importante que a equipe de técnicos, responsável pelo tratamento, promova condições para que o paciente o novo, num clima emocional positivo. |