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“Psicologia sócio-histórica e políticas públicas – A dimensão subjetiva de fenômenos sociais” Maria da Graça Marchina Golçalves RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar a dimensão subjetiva presente no campo das políticas públicas, a partir da psicologia sócio-histórica, a fim de apresentar referências para a atuação do psicólogo nessa área. O referencial teórico e metodológico da psicologia sócio-histórica permite reconhecer o sujeito e a subjetividade como construções históricas, denunciando o caráter naturalizante da maior parte da produção da psicologia, que trata o indivíduo de maneira universal, desconsiderando a historicidade da subjetividade. Em contraponto a essa visão naturalizante, que mascara o caráter ideológico de formulações sobre o indivíduo, apresenta-se a visão da psicologia sócio-histórica, que afirma o homem como sujeito histórico. O trabalho enfocou um campo de atuação profissional do psicólogo que, embora não seja tradicional, apresenta-se, por um lado, como urgência social e, por outro, como possibilidade de desenvolvimento da própria Psicologia. O campo das políticas públicas foi considerado a partir de sua história no interior do desenvolvimento do capitalismo. Mas, reconhecido como um campo social, foi considerado na sua dimensão subjetiva. Discutiu-se que a dimensão subjetiva presente nos fenômenos sociais próprios do campo das políticas públicas deve ser considerada pelos profissionais que elaboram tais políticas e atuam a partir delas e que a Psicologia tem o que dizer a respeito. Discutiu-se também que os propósitos das políticas públicas devem ser os de emancipação dos indivíduos afetados por elas. Por isso, deve-se reconhecer, na formulação das políticas a presença de concepções de sujeito e de subjetividade diversas, avaliando as implicações decorrentes de cada uma. Quando se adota a concepção de que o sujeito é histórico, isso significa, no campo das políticas públicas, propor formulações que garantam que as políticas sejam democráticas; reconheçam os direitos sociais básicos; promovam a cidadania; contem com a participação dos sujeitos a quem se destinam; criem condições para experiências de contatos, relações e vivências diversas; e que suponham um sujeito capaz de atuar na direção de construir novas alternativas de vida, sempre emancipadoras dos homens. Nessa direção, a realização do indivíduo como sujeito h istórico reconhece seu vínculo com a coletividade e seu compromisso com a transformação social.
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