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“O tema trabalho infanto-juvenil na mídia: uma interpretação ideológica” Rosangela Ramos de Freitas RESUMO Esta tese soma-se à produção do Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Idade – NEGRI – com o estudo da tematização do trabalho infanto-juvenil – TIJ – no jornal Folha de S.Paulo entre os anos de 1980 a 2001. A interpretação da produção da Folha , sobre o tema baseou-se na literatura acadêmica contemporânea sobre ideologia e infância e em peças jornalísticas coletadas em hemerotecas. Nosso objetivo foi reinterpretar a interpretação do jornal ao tema TIJ à luz do conceito de ideologia proposto por John B. Thompson e dos pressupostos teóricos da Sociologia da Infância, sobre a construção social do conceito de infância, desenvolvidos, entre outros, por autores como Allisson James e Alan Prout, Jens Qvortrup, Règine Sirota, Cléopâtre Montandon e Fúlvia Rosemberg. No plano metodológico, esta tese se orientou pelos aportes teóricos da hermenêutica de profundidade proposta por Thompson e pela análise de conteúdo apresentada por Laurence Bardin. Os aportes teóricos e metodológicos atenderam à necessidade de problematização dos temas “trabalho infanto-juvenil e mídia” e “infância e mídia”. As relações e intersecções presentes entre os temas permitiram argumentar que a produção jornalística sobre o TIJ pode ser considerada uma produção ideológica, uma vez que produz, reproduz e veicula significados que estabelecem e sustentam relações de dominação. O discurso de denúncia sobre o TIJ na amostra analisada apresentou posicionamentos diferentes entre as décadas de 1980 e 1990. Nos anos 1980, o discurso jornalísitco revelou tensões entre duas tendências: ora favorável, ora desfavorável à ocorrência do TIJ. Nos anos 1990, o discurso converge para um posicionamento que se manifesta mais freqüentemente favoravel à erradicação do trabalho de crianças e adolescentes e marca a forte influência das organizações multilaterais (OIT e Unicef) no discurso midiático, na agenda das pautas do jornal ao tratar da criança e do adolescente trabalhadores no Brasil. A interpretação dessas tendências no discurso de denúcnia adotado pelo jornal permitiu argumentar que a subordinação entre idades (adulto/infância e adolescência) compõe o discurso jornalístico, que se sustenta na noção de infância como objeto passivo de sociali zação institucional, subtraindo-lhe seu protagonismo social.
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