O Progresso e a Condição Feminina no Brasil

Sandra Regina Soares

RESUMO

Esta dissertação apresenta uma discussão crítica acerca do progresso e da condição feminina no Brasil. O estudo tem como objetivo analisar a configuração da década de 1990 no que se refere ao processo de emancipação feminina, de acordo com o pensamento de Marx e com as categorias utilizadas por alguns dos pensadores da teoria crítica da sociedade – Theodor W. Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse - dentre elas: progresso, emancipação, indivíduo e liberdade.

Como fonte foram utilizados: Pesquisa Perfil da Mulher, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - ambas do IBGE – Censos 1991 e 2000; Banco de dados da Fundação Carlos Chagas, Pesquisa RAIS, Pesquisa Mulher e Trabalho da Fundação Sistema Análise de Dados do Estado de São Paulo, e, produções acadêmicas sobre o tema na década de 1990, desenvolvidas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na Universidade de São Paulo e na Fundação Carlos Chagas. Os dados coletados indicam crescimento quantitativo da procura da mulher no mercado de trabalho e na vida profissional, na última década, bem como um maior preparo educacional da mulher. Por outro lado, os dados apresentados mostram que apesar do preparo para a vida profissional, a mulher tem menor valor no mercado de trabalho, com índice salarial desfavorável comparado ao dos homens, nas ocupações de mão-de-obra não qualificada. O estudo é fundamentado no desenvolvimento da maquinaria do séc. XIX – quando a indústria manteve a divisão social do trabalho estabelecida segundo o sexo – mostra que esse fenômeno social da desvalorização do trabalho feminino estende-se até os dias atuais. Apesar das mudanças ocorridas na última década, a estrutura ocupacional feminina manteve-se em grande parte ligada às ocupações consideradas femininas, dando assim, mesmo com o progresso tecnológico, sustento à divisão social do trabalho anteriormente à industrialização.