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“O pensamento Nômade e a prática da psicologia em desterritorialização” Silvia Regina Eulálio de Souza RESUMO Este trabalho reflete sobre a prática dos psicólogos no Brasil, nas suas diferentes áreas de atuação profissional. Origina-se do interesse em conhecer a dimensão ético-política das intervenções psicossociais, com sujeitos em territórios de exclusão social. Os atores desta pesquisa apresentaram seus trabalhos, em um evento, no ano 2000, que convidava o psicólogo brasileiro a mostrar a sua prática com compromisso social. Dos 1700 trabalhos, foram selecionados 180 para análise em profundidade. Diferentes demandas surgem para o campo da Psicologia, resultantes das desigualdades sociais que assolam o país. A pesquisa justifica-se porque são exigidas novas posturas profissionais e a necessidade de romper com modelos de práticas que não mais respondem às necessidades da sociedade. Objetiva-se investigar o que há de invenção nas construções teóricas e nos processos de trabalho, pelos modos de funcionamento, pelos efeitos dessas práticas e se os psicólogos estão instaurando uma prática transformadora. A análise dos trabalhos é orientada pelas idéias de Deleuze e Guattari para acompanhar o movimento das linhas de fuga e de captura, que constituem uma cartografia das práticas. Com as linhas de fuga visualizam-se pequenas invenções que apontam saídas em benefício da vida. As linhas de captura refletem o movimento de reprodução, daquilo que está estagnado. O compromisso social é descobrir as conexões que as linhas de fuga estabelecem para libertar as pessoas de tudo aquilo que o presente soterrou, para favorecer mudanças. Os resultados assinalam uma crítica sobre o modelo de prática individualizada, em consultórios particulares e restrita a uma pequena parcela da elite brasileira. A fase de questionamento é forte, a presença em diferentes seguimentos da sociedade é observada, mas a intervenção psicossocial precisa avançar na articulação teoria e prática, na integração dos aspectos da exterioridade e interioridade dos indivíduos e na definição de indicadores psicológicos para contribuir nas diferentes equipes interdisciplinares de trabalho. O que apresentam de novo, de criativo são agenciamentos regionais para catalisarem as práticas.
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