MARIA DO ROSÁRIO SILVA RESENDE

FORMAÇÃO E AUTONOMIA DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Resumo:
Esta investigação centrou-se na formação e na autonomia do professor universitário. A crítica da razão é apresentada como exigência para a formação do indivíduo verdadeiramente autônomo. A psicologia e a educação foram as perspectivas que nortearam este trabalho; a Universidade Federal de Goiás (UFG), o campo da pesquisa empírica na qual investigou-se a formação de seus professores e as possibilidades de autonomia em suas relações cotidianas no interior da instituição. A hipótese central formulada é a de que as condições objetivas de trabalho do professor das universidades públicas federais afetam sua atuação, suas atividades docentes, sua autonomia, sua consciência e sua autocrítica no trabalho cotidiano. Elas representam, muitas vezes, mais um obstáculo à manifestação da individualidade do professor e, conseqüentemente, à sua autonomia, até mesmo aquela formalmente admitida. Para levantar as informações imprescindíveis aos objetivos e à verificação das hipóteses da pesquisa, foi utilizado um questionário. As informações recolhidas das respostas aos questionários passaram por um tratamento estatístico e por uma análise de conteúdo. A teoria crítica da sociedade, desenvolvida por Horkheimer, Adorno e Marcuse, constituiu o suporte teórico do trabalho. Buscou-se verificar as influências das transformações que vêm ocorrendo nas universidades públicas federais no Brasil e as condições objetivas de trabalho de seus professores, proporcionadas, em parte, pelas políticas educacionais. A população da pesquisa é composta de 419 professores do quadro efetivo da UFG, com a titulação de doutor e contrato de trabalho de dedicação exclusiva, lotados em unidades acadêmicas com cursos de graduação; da amostra participaram 56 professores. Os resultados revelaram que as condições objetivas de trabalho interferem de tal modo que levam os professores universitários a desenvolver mais comportamentos de acomodação, conformação, apatia e adaptação, diante das situações, do que de reflexão, de interesse por experiências novas e de crítica a essas condições. O aumento da burocratização das atividades docentes tem uma forte vinculação com o tipo de produtividade exigida dos professores. Isso tem se caracterizado também como um obstáculo à liberdade e à autonomia dos professores.