ALEJANDRA ASTRID LEON CEDENO

EMANCIPAÇÃO NO COTIDIANO: INICIATIVAS IGUALITÁRIAS EM SOCIEDADES DE CONTROLE

Resumo:

É possível que iniciativas igualitárias funcionem em meio a sociedades desiguais? E se é, como acontece? Essa indagação guiou um diálogo entre vozes acadêmicas e ativistas no percurso desta tese. Dentre as vozes acadêmicas, a tese apresenta , no capítulo 1, uma compreensão sobre os âmbitos do poder e a emancipação na atualidade. No capítulo 2, apresenta a epistemologia dos conhecimentos situados (Haraway, 1995) e, com essa base, o método da troca construtiva. Dentre as vozes ativistas, relata-se a convivência com quatro experiências de preocupação igualitária: duas na Catalunha –o Centro Social Okupado Les nauS e Coop57, Cooperativa de Financiamento Ético e Solidário, narradas no capítulo 3- e duas na Venezuela - a cooperativa Santo Domingo Brasil e a rádio comunitária Gente 94.5 FM, que aparecem no capítulo 4. A partir desse encontro, a pergunta de pesquisa é revisitada. Primeiramente, apresenta-se um olhar provisório e situado sobre o poder e a emancipação. Do poder, tentando entender dinâmicas das quais as iniciativas devem se cuidar para não ficarem presas a elas; da emancipação, para compreender como podem fazê-lo e criar vida nova. No capítulo 5, depois de revisar os conceitos de poder, dominação e controle, é proposto o poder-dominação-controle como forma de captura da potência coletiva, que cresce em extensão e intensidade, buscando atravessar tudo e a todos/as no dia-a-dia, de formas múltiplas e complexas que podem parecer incoerentes entre si. Tende a se desterritorializar, a funcionar sem centro e a diluir-se por todo o corpo social, e justamente isso justifica a importância de situá-lo. No capítulo 6, propõe-se a emancipação como processo ou microprocesso de “okupar” (não invadir e sim ocupar o que era nosso e nos foi tomado). Okupar espaços de possibilidades liberadoras, que podem se articular em formas de luta a maior escala, que se constroem em processos de potência e resistência, de forma cotidiana e fractal, em experiências de revolução molecular (Guattari, 1984). Propõe-se uma compreensão ativa do cotidiano do lugar, da ação e do tempo, bem como a importância das práticas libertárias na construção da emancipação. Para uma conclusão possível, no capítulo 7, discute-se a noção de iniciativas como alternativa às palavras hegemônicas “grupo” e “organização”, e propõem-se também quatro jeitos de fazer ou práticas-chave que poderiam servir temporariamente para responder a pergunta de como iniciativas igualitárias funcionam em sociedades de controle, ajudando a que experiências tão diferentes quanto estas quatro sejam inteligíveis entre si