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GEISON FERNANDO V. DE ARAUJO CAMPOS ADOLESCÊNCIA: DE QUE CRISE ESTAMOS FALANDO? Resumo: Este estudo teórico empreende uma reflexão sobre o que é chamado de crise de identidade do adolescente ou crise da adolescência. Para tal, revisita teorias sobre a adolescência consideradas ‘tradicionais’, por terem se tornado referências sobre este tema e por compreenderem as dimensões de indivíduo e sociedade como que estabelecidos num par de eixos em oposição. As teorias analisadas são apresentadas em dois eixos: 1) teorias de orientação psicanalítica, tais quais as de Erikson (1987), Knobel (1992) e Aberastury (1992), que dão primazia aos elementos biológicos, como fatores desencadeantes da crise da adolescência; e, 2) teorias de orientação sociológica, como as de Groppo (2000) e Santos (1996), que explicam a crise a partir das mudanças sociais e históricas. A análise sobre a chamada crise da adolescência, empreendida nesta pesquisa, privilegia a compreensão da constituição dos conceitos de indivíduo e sociedade, mostrando que esta oposição não é um dado natural, mas sim um processo histórico. Apresentamos a possibilidade de compreensão da temática da crise da adolescência, através do conceito de sujeito, proposto por Lacan, que prevê uma dialética constitutiva. A adolescência é vista como parte desta dialética entre interno e externo, própria da constituição do sujeito: o que era recoberto pelos dispositivos societários (externo) passa a ser uma operação psíquica (interno). A crise da adolescência é muito mais conseqüência das exigências subjetivas postas em movimento pelos conflitos e contradições da sociedade, de que modificações próprias do corpo biológico
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