LAURA MARQUES CASTELHANO

A PERDA DO EMPREGO, SUAS IMPLICAÇÕES SUBJETIVAS E AS CONSEQÜÊNCIAS PARA O LAÇO SOCIAL: UMA CONTRIBUIÇÃO PSICANALÍTICA

Resumo:

O desemprego é uma das conseqüências mais perversas nesse cenário de constantes mudanças no mundo do trabalho. Não estamos mais lidando com um problema que se apresenta de forma passageira. O desemprego hoje é estrutural e sua problemática está atrelada à questão do lugar que o sujeito ocupa na sociedade e à forma de sua inserção no laço social. Investigar a perda do emprego e as conseqüências para o sujeito, alertando para o sofrimento e a desestrutura causada pela ruptura, é um dos pontos principais desta pesquisa. Do ponto de vista da psicanálise, isso implica compreender o modo pelo qual trabalho e emprego se articulam com a subjetividade, em função dos laços sociais, implicando conceitos como identificações, narcisismo, desamparo, ideal de ego, insígnias fálicas, entre outros. Durante o meu percurso, percebi que muitos dos desencadeamentos, proporcionados pela ruptura do emprego, devem-se às relações que, no capitalismo contemporâneo, se estabelecem entre os sujeitos e a organização em que trabalham, com repercussões relevantes para o modo como eles se posicionam no laço social. O sujeito, na organização, está implicado numa relação conflituosa, onde ilusões de proteção, amor e poder se desfazem no momento em que a relação é rompida. O rompimento desta relação com a demissão faz com que surjam sentimentos de desamparo, rejeição, culpa e impotência, evidenciando o medo e a angústia do futuro, destruindo as ilusões de proteção e os propósitos de vida.