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O PT e seus aliados

Ari Macedo

 

Como disseram alguns representantes do "núcleo duro" do governo e representantes do Partido dos Trabalhadores, o governo está nas cordas - fazendo alusão à luta de boxe - e é preciso reagir. A crise política recente, com as denúncias nos Correios e do deputado Roberto Jefferson - afetou todo o Executivo e a reação precisa ser rápida, caso contrário dará margem ao crescimento da oposição, principalmente do PSDB que já antecipou a sucessão presidencial de 2006. O governo precisa mostrar a agenda positiva, e olha que muitas coisas estão sendo feitas e pouco divulgadas, tanto na economia quanto no social.

Muitos dizem que o governo Lula não se diferencia em nada, em vários aspectos, ao de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. E isso pegou, já que tantas foram as críticas e associações feitas por membros do próprio PT (vide o caso do sociólogo Francisco de Oliveira), quanto do próprio PSDB (que cresceu em cima dessa comparação). E o governo nada fez para mudar essa imagem. Alguns dados comparativos, porém, mostram as diferenças: recorde em exportações, diminuição no risco país, estabilidade da moeda, não renovação do acordo com o FMI, aumento da bolsa família, dentre outros.

Lógico que muita coisa ainda precisa ser feita, mas não é possível comparar o governo anterior com o atual. Mesmo assim, a reversão dos fatos negativos e a indicação dos pontos positivos demoram a serem mostrados para a população. Os petistas têm mesmo essa dificuldade de divulgar aquilo que seus governos estão fazendo, e o mesmo acontece com a presidência da República. É possível até fazer uma comparação: a pata quando bota um ovo fica quieta, impassível; já a galinha faz um tremendo escândalo dentro do galinheiro. O presidente Lula age como uma pata e a oposição como a galinha. Quando os acontecimentos são péssimos para a imagem do governo, ganham as manchetes dos meios de comunicação; ao contrário quando são positivos.

O que ocorre com o governo? Erro de estratégia. O político ou governo que não se comunica, se "trumbica". As ações políticas precisam ser elaboradas com vistas à mídia. Ronald Reagan trabalhou isso muito bem durante o seu governo. César Maia, aqui no Brasil, idem. É saber usufruir o espaço dos meios de comunicação.

Agora mais uma bomba estoura. Denúncias de que dinheiro público é dado a parlamentares da base aliada. O conhecido "mensalão". Enganou-se o deputado Roberto Jefferson ao dizer que isso acontece apenas em Câmaras de Vereadores de quinta categoria. Isso também é costumeiro no cotidiano do poder de Brasília. É algo que surgiu agora na atual legislatura? Claro que não. Isso faz parte - e enquanto não houver uma reforma do sistema político não tem como coibir - das relações espúrias entre o Parlamento e o Executivo. É o já tão conhecido "toma lá da cá". E isso o presidente Lula sempre soube. Sabia também que as relações com os deputados e senadores, no Brasil, sempre foram e serão fisiológicas.

Não sejamos ingênuos em pensar que o governo conseguirá administrar o país sem ceder à base aliada, não oferecendo cargos e emendas aos parlamentares. Assim funciona a política contemporânea, os inimigos de ontem serão os amigos e aliados de hoje.

Quando digo que a população precisa amadurecer muito quando escolhe um representante político, alguns arregalam os olhos e criticam esse pensamento. Se analisarmos cada deputado ou senador, especialmente os das regiões Norte e Nordeste, veremos que muitos deles foram eleitos com base no assistencialismo: distribuição de remédio, cesta básica, roupas, dinheiro. O que não se diferencia nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul; mas em menor escala.
Ou o governo para de bater cabeça, ou o PT será o partido de apenas um mandato na presidência da República.

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