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Última Edição: Vol. 18, n.33, Jul./Dez. 2014

Lutas Sociais

Ao se aproximar o cinquentenário de Lire Le Capital e Pour Marx, a revista Lutas Sociais apresenta o dossiê “Louis Althusser, 50 anos depois” com o objetivo de realizar um balanço crítico do pensamento deste filósofo marxista. No essencial, os dois livros estavam comprometidos com a crítica às interpretações humanistas e economicistas da obra de Marx, até então dominantes, e visavam ao desenvolvimento da teoria marxista da história.

As análises de Althusser foram (e têm sido) respondidas com críticas virulentas formuladas por adversários teóricos situados dentro e fora do campo marxista, que criaram uma espécie de Santa Aliança contra este filósofo e o marxismo althusseriano. Tal tipo de crítica contribuiu para engendrar um certo ruído cujo traço característico é: fale (de preferência, mal) de Althusser, não o leia. Os efeitos atingiram até mesmo as editoras de esquerda no Brasil. De meados dos anos 1980 para cá, raras foram as publicações e republicações de obras de pensadores clássicos vinculados à tradição althusseriana, apesar de os livros mais importantes desta tradição estarem esgotados. Com poucas exceções, o acesso às obras de Althusser, Étienne Balibar, Nicos Poulantzas e Charles Bettelheim, traduzidas no Brasil nos 1960 e 1970, só é possível graças ao esforço de indivíduos isolados que fazem o trabalho de digitalização e as disponibilizam na Internet; ou a empréstimo em algumas bibliotecas públicas e acervos particulares de pesquisadores e militantes. No período mais recente, apenas duas obras póstumas de Althusser foram traduzidas: Sobre a reprodução (Vozes, 1999); e Política e História: de Maquiavel a Marx (Martins Fontes, 2007); além de alguns poucos artigos publicados em revistas marxistas. O lançamento da nova edição de Pour Marx – Por Marx – pela Editora da Unicamp, previsto para novembro próximo, interrompe um lapso que data dos anos de 1970.

Tornado impronunciável pela justiça francesa após matar sua esposa, Hélène Legotien, em 1980, o filósofo francês foi fortemente silenciado na academia, onde muitos o consideraram intelectualmente morto bem antes de sua morte física em 1990.

O deplorável tratamento acadêmico e editorial contrasta com o vigor dos livros de 1965 e de outras obras de Althusser. O caráter polêmico; a influência que exerceram no debate marxista e em diversos campos disciplinares, tais como: as Ciências Sociais, a História, o Direito, a Economia, a Filosofia, a Linguística, a Literatura e a Psicanálise; o impacto que produziram junto aos movimentos popular e comunista internacionais; e a retomada recente dos estudos althusserianos são razões mais do que suficientes para justificar a publicação do dossiê.

Este se inicia com uma conferência de Althusser sobre a ditadura do proletariado. Em seguida, Décio Saes propõe contribuições para a construção de uma antropologia científica fundada no materialismo histórico; Quartim de Moraes dirige uma crítica às críticas ao anti-humanismo teórico, mesmo reconhecendo que esta expressão é inadequada; Jair Pinheiro, a partir da análise de reflexões de Marx e de Althusser, procura contribuir para a formulação de um conceito materialista de indivíduo; Vittorio Morfino imprime novos desenvolvimentos ao conceito de causalidade estrutural, deixado em estado prático por Althusser; Lúcio Flávio de Almeida destaca o caráter fortemente questionador do texto althusseriano sobre os aparelhos ideológicos de Estado; Tomás Coelho Garcia retoma a tese do primado das relações sociais de produção, extraindo importantes elementos de crítica a teorias que pretendem ter superado o marxismo; Luiz Eduardo Motta critica a noção de ontonegatividade da política, elaborada por José Chasin, e apresenta uma abordagem positiva da atividade política no comunismo; Danilo Enrico Martuscelli analisa as contribuições de Althusser nos textos sobre a crise do marxismo e indica o caráter radical da crítica que expressam à ilusão jurídica da política; e Marcelo Starcenbaum examina a apropriação teórico-prática de teses althusserianas pelas Fuerzas Argentinas de Liberación, um grupo que se engajou na luta armada contra a ditadura no país vizinho.

Completam este número de Lutas Sociais o artigo de André Guimarães Augusto e Marcelo Carcanholo sobre a teoria da história em Marx, refutando a tese de que esta contém uma concepção eurocêntrica; o de Walson Lopes, sobre as relações entre o Partido dos Trabalhadores e o neonacional-desenvolvimentismo; e três resenhas escritas por Célia Motta, Iuri Tonelo e Gonzalo Pérez Álvarez.

Ciosa de seu caráter crítico e pluralista, Lutas Sociais permanece aberta a novos dossiês sobre autores marxistas.

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PUC-SP
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Socias