E assim seguiam, de um ponto a um ponto, por brancas estradas calcáreas, como por uma linha vã, uma linha geodésica. Mais ou menos como a gente vive. Lugares. (“O Recado do Morro”, Guimarães Rosa)
FRONTEIRAZ traz, desde o nome, aquilo que significa, isto é, uma linha de demarcação entre territórios literários que questionam a rigidez de limites fixos. Seu foco está na narratividade, temática do Grupo de Pesquisa “O Narrador e as Fronteiras do Relato” que, desde 2005, dedica-se ao estudo das cenas narrativas em movência, desde as origens dos mitos e dos contos de magia da tradição oral, até o tempo-espaço das narrativas modernas e contemporâneas, na sua multiplicidade de formas e interfaces.
FRONTEIRAZ tem por meta, a cada número, focalizar, nas matérias de destaque, uma temática relacionada com a narratividade literária e, neste número de estréia, o foco estará sobre a contemporaneidade, contemplada no autor entrevistado - André Sant’Anna-, bem como no estudo crítico sobre “O Fantsama da Máqiuna”, conto de Nelson de Oliveira, e no ensaio sobre a obra de Sérgio Sant’Anna. Ao redor desse centro, outras vertentes da narratividade serão alvos de estudo: as categorias “autor” e “narrador” serão aquelas privilegiadas nos ensaios sobre Esaú e Jacó de Machado de Assis e A Hora da Estrela de Clarice Lispector; já o viés do confronto entre a oralidade e a cultura escrita será a questão-chave da resenha sobre a obra de Walter Ong.
Há ainda a destacar a sessão Estudos: trata-se de um espaço para textos fronteiriços, entre a resenha e o ensaio teórico-crítico, feitos em série (ao modo do folhetim) e que foram objeto de longos e pormenorizados estudos pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa ao longo destes três anos de trabalho. Nesta série inicial, o livro Retórica da Ficção de Wayne Booth, um clássico sobre as estratégias ficcionais do ato narrativo, cuja 1ª. edição é de 1961, será aquele contemplado com a primeira das quatro séries de estudos nas quais Maria José Palo, pesquisadora da literatura contemporânea e uma das líderes do Grupo de Pesquisa, deter-se-á, abrindo as linhas principais do livro com exemplos centrados na literatura brasileira.
FRONTEIRAZ significa, portanto, o fruto de um trabalho investigativo dos doutores, mestres e mestrandos participantes do Grupo de Pesquisa “O Narrador e as Fronteiras do Relato” que, num esforço conjunto durante estes três anos de parceria bem sucedida, e sob a liderança das docentes-pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Crítica Literária da PUCSP - Maria Rosa Duarte de Oliveira e Maria José Palo – oferecem para o leitor que deseje entrar no universo fascinante dos relatos de ficção.
|